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O caso-de-estudo apresentado resulta do trabalho realizado no âmbito do projeto Evaporcork (POCI-01-0247-FEDER-033357 / ALG-01-0247-FEDER-033357) em copromoção com a ACI (Promotor líder) e com o Itecons.

ENQUADRAMENTO/ DESCRIÇÃO DA SOLUÇÃO

Esta solução de fachada verde é constituída por módulos de aglomerado de cortiça expandida (ICB), filtro, substrato técnico, sistema de irrigação gota-a-gota e plantas. O módulo foi concebido de forma a poder fixar-se à parede de suporte com uma argamassa de colagem apropriada (permeável ao vapor e impermeável à água) e a maximizar o espaço para a colocação de substrato e enraizamento das plantas, contribuindo para a redução das necessidades de irrigação e fertilização do sistema. O ICB usado possibilita aumentar o isolamento térmico da solução, aumentar a capacidade de retenção de água na fachada verde, diminuindo as necessidades de irrigação e promover o arrefecimento evaporativo. Este sistema foi instalado em quadro paredes de teste (4 m x 2 m) orientadas segundo as 4 direções cardeais principais (N, S, E e O). As espécies vegetativas usadas (Thymus pulegioides e Festuca glauca) são plantas perenes, bem adaptadas ao clima mediterrâneo e com baixo desenvolvimento radicular.

METODOLOGIAS

As paredes teste foram instrumentadas com termopares para medir as temperaturas ao longo da solução de fachada verde, durante um ano, e avaliar comportamento térmico da mesma. Os dados climáticos foram usados para parametrizar um modelo computacional, que permitiu estimar a redução das necessidades de aquecimento e arrefecimento de um edifício de referência. Durante um ciclo vegetativo (um ano) foi quantificada a capacidade de sequestrar carbono pela vegetação, na biomassa acima do solo e abaixo do solo. Para tal, foram recolhidas, periodicamente, amostras da parte superior (folhas) e inferior (raízes) das plantas e quantificado o teor de carbono das amostras. A capacidade de recobrimento da vegetação foi também avaliada, durante um ano, através do registo fotográfico periódico das paredes. As imagens recolhidas foram processadas com um software apropriado que permitiu calcular a área de recobrimento das plantas. Os resultados dos estudos descritos foram utilizados na avaliação do desempenho ambiental da solução. Este estudo foi efetuado com base na metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) que permite quantificar e avaliar os potenciais impactes ambientais, ao longo do ciclo de vida, de um produto, edifício ou serviço, desde a extração das matérias-primas, até ao seu fim de vida, através da compilação de fluxos de entrada e saída (mássicos e energéticos).

PRINCIPAIS RESULTADOS

• Foram registadas temperaturas superficiais variáveis entre as diferentes orientações geográficas, para as mesmas condições climáticas, contudo, as temperaturas atrás dos módulos de ICB pouco variaram entre as diferentes orientações, o que sugere uma boa capacidade de isolamento da solução.
• As temperaturas registadas na cavidade dos módulos, atrás das plantas, foram consideravelmente mais baixas comparativamente com as registadas em paredes de referência (revestidas com uma solução de ETICS) nas mesmas condições climáticas e orientações.
• O efeito evaporativo do ICB foi observado após humedecimento da superfície externa dos módulos tendo-se obtido reduções de até -14ºC nas temperaturas superficiais e de cerca de -2ºC no ar envolvente (até 56 cm da fachada).
• As simulações realizadas mostraram reduções de cerca de 31% e 39% nas necessidades de aquecimento e arrefecimento, respetivamente, para uma espessura de 50 mm de ICB humedecido e uma capacidade de arrefecimento evaporativo, do ar envolvente, equivalente à registada experimentalmente.
• O carbono sequestrado pelas plantas, durante um ano, correspondeu a cerca de 371 gCm-2 e 68 gCm-2 para a Festuca glauca e Thymus pulegioides, respetivamente, ambos os valores obtidos na melhor orientação geográfica.
• As duas espécies de plantas apresentaram uma boa capacidade de recobrimento da fachada, durante a estação mais quente, tendo a Festuca glauca apresentado maiores taxas devido ao seu porte mais pendente.
• O estudo de ACV realizado permitiu concluir que esta solução de fachada verde pode ser uma escolha ambientalmente favorável, contribuindo especialmente para a mitigação do aquecimento global, uma vez que apresenta um balanço de carbono negativo ao longo do seu ciclo de vida (-22.7 kgCO2eq por metro quadrado de fachada verde).
• Os resultados do estudo de ACV comparativo mostraram que os benefícios com a instalação da fachada verde numa parede convencional superam os adicionais impactes ambientais gerados pela produção e utilização de mais materiais na fachada do edifício.

BENEFÍCIOS ESTUDADOS

✔ Melhoria do isolamento térmico/ aumento da eficiência energética do edifício

✔ Mitigação da ilha de calor

✔ Melhoria da qualidade do ar

✘ Atenuação dos picos de cheia

✘ Aumento da biodiversidade urbana

✘ Outros